quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nem atrás das grades o preso perde o poder

Estar preso em uma penitenciária nunca foi sinônimo de burrice, mas já foi de repressão durante a ditadura militar. O tema abordado por Carlos Amorim no livro “CV_PCC - A irmandade do crime” nos dá a oportunidade de entender o que acontece em nossos presídios. Conhecer o passado é essencial para se compreender o presente. Amorim traz informações de como se iniciou a falta de preocupação com os criminosos no país.

Enquanto os ditadores da época se interessavam em assegurar a “ordem” de um país que clamava por justiça e liberdade, deixaram de lado questões que, querendo ou não, hoje se tornam conseqüências de anos controlados por punhos de ferro. Na mesma cela, ladrões de galinhas e traficantes de drogas se uniam a pensadores revolucionários. Era o mesmo que juntar a fome com a vontade de comer. Socialistas ou anarquistas queriam mais é que pegasse fogo, o importante era tirar o controle dos militares. Assim, o estrategista se aliava à força bruta e criava alternativas para confrontos diretos com o Estado. De dentro da cela os chefes continuavam tendo controle do que acontecia do lado de fora. Nascia a corrupção, já que eram os seguranças que traziam e levavam informações.

Hoje, além da falta de ocupação, a precariedade dos presídios abre oportunidades aos detentos para “expandir” seus horizontes – trocar experiências para futuras missões. Mais uma vez a “inteligência do crime“ ganha espaço diante o Estado – nem preso eles perdem o poder. O reflexo disso está, hoje, voltado contra a sociedade.

Essa é uma ótima leitura para quem quer conhecer uma parte da história recente do Brasil, e entender o que acontece em um país que em alguns momentos esconde a sujeira de baixo das fardas.

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